Dia Nacional do Livro: acervo da biblioteca da FGV é um valioso aliado na realização de pesquisas

No dia 26 de outubro, é comemorado o Dia Nacional do Livro, justamente a data que a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro foi fundada, em 1810. A escolha da data deu-se em homenagem ao dia em que também foi fundada a Biblioteca Nacional do Brasil, localizada no Rio de Janeiro, quando a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para a colônia, em 1810." 

Nesse contexto, Gabriel Leal, gerente do Sistema de Bibliotecas da FGV, em entrevista ao FGV Notícias destacou alguns pontos de relevância na data de hoje como a proliferação da tecnologia frente ao hábito de leitura e de que forma os novos dispositivos podem ser aliados nesse processo. “A leitura, hoje mais do que nunca, deve ser abordada como um exercício de desenvolvimento cidadão, ler mediado pelas plataformas digitais pode ser mais vantajoso economicamente”, disse ele.  

Em paralelo a isso, Gabriel contou também os processos de conservação dos livros nas bibliotecas da FGV e ainda deu dicas de obras importantes na data de hoje. Veja abaixo a entrevista completa:  
 
Qual a importância do acervo da biblioteca da FGV para o Dia Nacional do Livro? 

O acervo das bibliotecas da FGV é um valioso aliado nas pesquisas nacionais. Desde a fundação da sua primeira biblioteca no Rio de Janeiro, em 1945, nosso acervo tem sido utilizado nas pesquisas desenvolvidas não só na FGV, como por diversas instituições pelo território nacional. Professores, pesquisadores e alunos, através dos programas de intercâmbio bibliográfico, se utilizam do nosso tradicional acervo, principalmente nas áreas de ciências sociais aplicadas, para o desenvolvimento de suas atividades acadêmicas. 

Qual a importância da leitura nos dias de hoje com a proliferação da tecnologia? 

A tecnologia nos permite contato com a leitura o tempo todo, seja lendo tweets e demais conteúdos nas redes sociais, buscando sobre algum assunto na Wikipédia, nas legendas de séries e filmes nas plataformas de streaming e outros diversos exemplos. O problema, é que esse acesso basicamente irrestrito mediado pelas plataformas digitais veio às custas de questões como qualidade e veracidade do conteúdo, e da fragmentação de informações, questões essas necessárias para a formação crítica do leitor. A leitura, hoje mais do que nunca, deve ser abordada como um exercício de desenvolvimento cidadão, ler mediado pelas plataformas digitais pode ser mais vantajoso economicamente, mas é bem mais custoso intelectualmente, pois a todo tempo devemos ser capazes de filtrar essa quantidade massiva de informações que recebemos e buscar nos aprofundar naquilo que nos interessa, mediante uma infinidade de fontes diferentes. Por isso acredito que não só a leitura, mas a leitura crítica, deva ser o norte quando falamos de lidar com o que a tecnologia pode nos proporcionar.  
 
Quais livros você considera como destaques da Biblioteca? 

É difícil pensar em alguns poucos destaques em um acervo com a magnitude e importância do nosso. Todo o processo de seleção e aquisição é cuidadosamente curado e acompanhado pelo nosso time de bibliotecários visando fomentar as pesquisas na FGV. Eu poderia citar somente os livros mais emprestados, por exemplo, mas esse recorte deixaria certamente de lado algumas coleções de valor cultural e científico imensurável. Como um exercício pessoal, eu recomendaria duas obras que nos ajudam a entender e a se aprofundar na realidade brasileira, então como destaque, eu citaria dois livros, com duas propostas diferentes de nos mostrar um retrato do nosso país. Quarto de despejo: diário de uma favelada da Carolina Maria de Jesus e O Povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil do Darcy Ribeiro. 
 
Como os livros da Biblioteca são conservados? 

A preocupação com a conservação, deve começar muito antes do manuseamento dos livros e nos cuidados de restauração de materiais. Essas questões devem ser pensadas desde a estruturação da biblioteca em si. Um ambiente com temperatura controlada, com controle constante de umidade (como temos na Biblioteca do Centro Cultural, por exemplo) são indispensáveis para assegurar o nosso acervo contra infestação de fungos e traças. Outro ponto importante para manter a saúde dos nossos livros, é a verificação periódica que nossa equipe faz nas estantes, para higienizar os materiais e buscar possíveis problemas antes que eles se espalhem pelo acervo.  

De que forma a tecnologia pode auxiliar na restauração dessas obras? 

A tecnologia é hoje nossa principal aliada no processo de conservação e manutenção das obras, sem os equipamentos eletrônicos de controle de temperatura e umidade, por exemplo, teríamos um trabalho gigantesco para manter a saúde do acervo. Além disso, os equipamentos de digitalização de materiais, permitem que possamos transpor determinadas obras ao ambiente digital (dentro dos limites estabelecidos pelos direitos autoriais, quando o caso), permitindo o acesso e poupando o livro de manuseio excessivo quando ele está em um estado delicado de conservação. 

Você acha que as pessoas perderam interesse nos livros históricos após a entrada dos e-books? Por quê? 

Para responder essa questão, acredito que seja importante pormos em perspectiva o que podemos considerar como livros históricos. Nós podemos ter livros considerados “históricos” em formato digital. A classificação de histórico é muito mais sobre conteúdo do que de forma, como o caso dos eBooks. Sobre o interesse pela plataforma de leitura, isso é muito pessoal e acredito que ambas as formas são válidas e devem ser exploradas pelo leitor. Eu, por exemplo, tento cultivar uma pequena biblioteca pessoal em casa, mas por questão de espaço e comodidade, mantenho um acervo de livros digitais considerável em meus dispositivos eletrônicos. Eles me permitem manter minhas leituras em viagens, além de me darem a liberdade de fazer anotações e marcações, algo que não faço nos meus livros físicos. É inegável também, as possibilidades em termos de acessibilidade proporcionadas por livros em formatos digitais, que permitem que seu conteúdo seja apresentado de diversas formas, inclusive em audio, minando barreiras que muitas vezes estão presentes no livro fisico. 

Qual a contribuição da Biblioteca da FGV para o dia Nacional do Livro? 

As bibliotecas da FGV têm buscado trazer novidades e iniciativas para podermos ter nossos usuários mais perto de nós. Nessa semana do Dia Nacional do Livro, todas as bibliotecas do sistema estão realizando a feira de troca de livros, onde você traz um livro seu e troca por alguns dos livros que a biblioteca está oferecendo. Esta iniciativa busca fomentar a leitura e a descoberta de novos gêneros literários. Estamos, também, atualizando o acervo de literatura que temos em nossas bibliotecas. É importante que estejamos aptos, enquanto aparato cultural, a fornecer livros que ajudem nosso público a desenvolver o gosto pela leitura, e forneça a possibilidade de uma leitura pelo prazer, fora das obrigações acadêmicas. E para finalizar, gostaria de ressaltar que toda a comunidade FGV é bem-vinda à Biblioteca, para aproveitar o nosso acervo e espaço, e pedir dicas de leitura e a ajuda aos nossos bibliotecários. 

Para saber mais, acesse o site do Sistema de Bibliotecas FGV.